Dois dias depois da notícia de que o Brasil e os países vizinhos estariam discutindo a possibilidade de criação de uma moeda única para o Mercosul, o novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse a jornalistas que não existe tal proposta.
“Não existe moeda única, não existe essa proposta. Vai se informar primeiro”, disse o ministro, irritado, ao responder rapidamente a pergunta feita por um repórter na saída do evento de posse de Simone Tebet no Ministério do Planejamento, onde a emedebista irá trabalhar ao lado de Haddad.
Na terça-feira (3), após encontro com o ministro da Fazenda brasileiro em Brasília, o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, afirmou que ambos discutiram a criação de uma moeda comum para o bloco sul-americano.
O objetivo, de acordo com Scioli, é fortalecer o bloco comercial e ampliar o vínculo entre os países da região. Para ele, a ideia não é criar uma moeda única como o euro — moeda oficial dos países-membros da União Europeia —, mas, sim, uma para o bloco.
“Sobre a moeda comum, nós trabalharemos. Não significa que cada país não tem sua moeda, significa uma unidade para integração e aumento do intercâmbio comercial em todo este bloco regional”, disse o embaixador.
“E, como disse o presidente Lula, fortalecer o Mercosul, ampliar a união latino-americana, é muito importante”, acrescentou.
Tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quanto ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, já defenderam a implementação de uma “moeda única” para os países latino-americanos.
Para especialistas ouvidos pela CNN, porém, a ideia esbarra em dificuldades das distintas realidades de cada país, o que envolve diferentes mecanismos de política monetária e, também, a falta de órgãos controladores.
*Com Diego Mendes