O primeiro caso de varíola dos macacos no Brasil foi confirmado, nesta quinta-feira (9), por meio de exames. O caso é um homem de 41 anos, residente da capital paulista, com histórico de viagem para a Portugal e Espanha. Ele segue internado no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em bom estado clínico.
A confirmação ocorreu pelo Instituto Adolfo Lutz após realização de diagnóstico diferencial de detecção por RT-PCR do vírus Varicela Zoster (com resultado negativo) e análise metagenômica do material genético.
A informação foi divulgada pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
Todos os contatos do paciente estão sendo monitorados pelas equipes de vigilância.
O Centro de Vigilância Epidemiológico (CVE) estadual e a prefeitura de São Paulo também investigam desde a semana passada outra paciente, uma mulher de 26 anos, também moradora da capital.
Sobre a varíola dos macacos
A doença é causada por um vírus que pertence ao gênero ortopoxvírus da família Poxviridae. Existem dois grupos de vírus da varíola dos macacos: o da África Ocidental e o da Bacia do Congo (África Central).
O vírus da varíola dos macacos é transmitido de uma pessoa para outra por contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama. O período de incubação é geralmente de 6 a 13 dias, mas pode variar de 5 a 21 dias.
Várias espécies animais foram identificadas como suscetíveis ao vírus da varíola dos macacos, incluindo esquilos, ratos, arganazes, primatas não humanos e outras espécies. De acordo com a OMS, são necessários mais estudos para identificar os reservatórios exatos e como a circulação do vírus é mantida na natureza. A ingestão de carne e outros produtos de origem animal mal cozidas de animais infectados é um possível fator de risco.
As infecções humanas com o tipo de vírus da África Ocidental parecem causar doenças menos graves em comparação com o grupo viral da Bacia do Congo, com uma taxa de mortalidade de 3,6% em comparação com 10,6% para o da Bacia do Congo.
Transmissão por contato sexual
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que alguns desses casos estão sendo identificados em pacientes gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens. Pessoas trans também podem estar mais vulneráveis no contexto do atual surto, segundo a OMS.
A doença causada por um vírus pode ser transmitida pelo contato com a pele durante o sexo, incluindo beijos, toques, sexo oral e com penetração com alguém que tenha sintomas. Como medidas de proteção, a OMS recomenda evitar contato próximo com qualquer pessoa que tenha sintomas.
Os sintomas da varíola dos macacos incluem erupção cutânea com bolhas no rosto, mãos, pés, olhos, boca ou genitais, febre, linfonodos inchados, dores de cabeça e musculares e falta de energia.
As medidas de prevenção incluem a busca por atendimento médico diante dos sintomas, seguido de isolamento em casa. Deve-se evitar o contato com a pele, rosto e contato sexual com qualquer pessoa que tenha sintomas. As mãos, objetos e superfícies que são tocados regularmente devem ser higienizados. A OMS recomenda, ainda, o uso de máscara se estiver em contato próximo com alguém com sintomas.
“Com base nos relatos de casos até o momento, esse surto está sendo transmitido por meio de redes sociais conectadas principalmente por meio de atividade sexual, envolvendo principalmente homens que fazem sexo com homens. Muitos – mas não todos os casos – relatam parceiros sexuais casuais ou múltiplos, às vezes associados a grandes eventos ou festas”, disse Hans Henri P. Kluge, diretor regional da OMS para a Europa.
O diretor da OMS destacou que o vírus pode afetar qualquer pessoa, independente de orientação ou prática sexual. Em comunicado a OMS também afirmou “Estigmatizar as pessoas por causa de uma doença nunca é bom. Qualquer pessoa pode contrair ou transmitir a varíola dos macacos, independentemente de sua sexualidade”.
“Devemos lembrar, no entanto, como vimos em surtos anteriores, que a varíola dos macacos é causada por um vírus que pode infectar qualquer pessoa e não está intrinsecamente associado a nenhum grupo específico de pessoas. As comunidades gays e bissexuais têm alta conscientização e comportamento rápido de busca de saúde quando se trata de sua saúde sexual e de suas comunidades. De fato, devemos aplaudi-los por sua apresentação precoce aos serviços de saúde”, reforçou.
Segundo Kluge, a transmissão rápida e amplificada da varíola dos macacos também ocorre no contexto da recente flexibilização das restrições impostas como prevenção à Covid-19, como viagens e eventos internacionais.
*Com informações de Lucas Rocha, da CNN