Durou mais de três horas a cerimônia que oficializou Cristiano Zanin como novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Conduzido por Rosa Weber, atual presidente da Corte, o evento contou com a presença de diversas autoridades, muitas delas personagens dos próximos capítulos políticos de Brasília. Responsável pela indicação de Zanin, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi sucinto ao comentar o ingresso de seu ex-advogado ao STF: “Estou muito feliz”. O novo membro da Corte defendeu o petista nos julgamentos da Operação Lava Jato. Para comemorar sua entrada na Suprema Corte, Cristiano foi a um jantar oferecido pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) com ministros do STF, do STJ, do TSE e até do STM, além de desembargadores, juízes e advogados.
Na sede do Supremo, Lula encontrou mais uma vez com Arthur Lira, presidente da Câmara, com quem vem conversando frequentemente sobre reforma ministerial. O Centrão reivindica mais espaço no governo federal em troca de apoio no Congresso. O primeiro efeito disso foi a troca de Daniela Carneiro por Celso Sabino no Ministério do Turismo. Ambos são do União Brasil, mas o partido considerava a antiga chefe da pasta uma escolha pessoal de Lula e não se sentia contemplado. A pasta, no entanto, não é suficiente na visão de Lira e seus aliados. As legendas de centro também estão de olho nos ministérios do Esporte, chefiado por Ana Moser, da Defesa, hoje sob a batuta de José Múcio, do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, gerido por Geraldo Alckmin, e de Portos e Aeroportos, que está nas mãos de Márcio França. Todos eles, com exceção de Moser, foram ao evento no Supremo.
Lula já comunicou aos seus aliados que sua base perderá espaço em sua gestão. No entanto, leva em banho-maria a reconfiguração do governo federal, o que tem deixado Arthur Lira impaciente. Para pressionar o Palácio do Planalto, o presidente da Câmara adiou a votação do arcabouço fiscal, embora publicamente negue que uma coisa tenha relação com a outra. “O arcabouço, assim como a reforma tributária, independem de base parlamentar porque nós tratamos sempre como pautas prioritárias de Estado. Não tem consenso ainda, então não posso botar uma pauta que o relator não conversou com os líderes e que nós não discutimos ainda as alterações do Senado. Isso é natural, é normal e nós temos prazo”, disse Lira. Os dois foram vistos descendo a rampa do Planalto após a posse de Celso Sabino, evento que ocorreu antes da cerimônia de Zanin.