Nesta quarta-feira, 7, o Senado Federal aprovou a PEC da Transição, que pretende furar o teto de gastos em R$ 168 milhões para cumprir promessas de campanha do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os senadores aprovaram o texto em dois turnos com 64 votos favoráveis e 16 votos contrários. Agora, a emenda será analisada na Câmara dos Deputados, mas a primeira aprovação já é considerada uma vitória expressiva para o novo governo. Para comentar as movimentações no Congresso entorno da aprovação da proposta petista, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o senador Marcos do Val (Podemos), que é contrário à proposta e argumenta que a ausência de um indicado para assumir o Ministério da Economia traz incertezas para a aprovação da PEC: “Está dando muita insegurança para nós a questão de não ter ainda o nome do ministro da Economia.
Isso vai pesar muito daqui pra frente. Se for alguém que traga segurança e estabilidade para o mercado, nós vamos estar mais suscetíveis a apoiar. Se for um ministro que não tem experiência e faz uma função política de um acordo político, provavelmente vai ter mais incerteza no Congresso”.
“Os parlamentares, não sei se é porque não foi apresentado ainda quem serão os ministros e a montagem da equipe do governo, estão todos querendo agradar para ver se conseguem um local nesse sol. Eu senti uma movimentação que eu não tinha sentido nos quatro anos anteriores. Então, foi uma movimentação enorme. Claro que todos pediam para que eu pudesse votar favorável, mas eu consultei os eleitores do meu Estado e eles eram contrários. Então, como representante deles, eu votei contrário.
Exatamente porque passa-se a dar esse cheque em branco com toda a possibilidade de ser usado não de forma objetiva para um fim específico. Você vê a quantidade de ministérios que vão ser criados, a equipe de transição tem mais de 900 pessoas, quase mil pessoas. No governo anterior tinham 230, mais ou menos”, argumentou.
Ao criticar a PEC, o deputado afirmou que o valor negociado é muito elevado, mas reconheceu que as movimentações da equipe de transição para obter a aprovação no Congresso foram bem sucedidas: “Teve muita articulação e um movimento antes de começar a votação da CCJ de como ficaria esse apoio. Alguns partidos ainda não definiram se vão ser oposição ou não. Mas, a grande maioria estava no sentido de ser apenas um ano e no máximo R$ 100 bilhões (…) Como o próprio presidente eleito estava pedindo quatro anos, praticamente a maioria de cara já tinha descartado essa possibilidade.
Agora, realmente é um valor bem maior do que estava se programando, até se o governo atual fosse reeleito. Eu acho que ele já começou com o pé direito dentro do Congresso, realmente. O meu partido e eu votamos contrários. Não contrário à ajuda e levar esse auxílio aos brasileiros que estão passando fome, mas contrário a um cheque meio em branco durante dois anos”.
Marcos do Val também falou sobre o teto de gastos e como a medida, aprovada no governo Temer, não tem sido devidamente respeitada nos últimos anos: “E o teto de gastos, que eu tenho escutado bastante dentro do Congresso, é uma iniciativa louvável, mas que nunca surtiu o efeito desejado. Sempre tem uma demanda que precisa ir para o Congresso e para poder fazer com que essa demanda entre e você não tem consequências se furar o teto de gastos. Ele praticamente existe, mas no histórico não tem funcionado”.
O parlamentar afirmou que seu partido, o Podemos, se manterá neutro em relação ao novo governo e fez um apelo pela pacificação na política brasileira: “Nós já nos reunimos e decidimos que nós vamos ser independentes. Cada pauta que a gente achar que realmente vale o apoio e realmente gere benefícios para a sociedade nós estaremos apoiando. As outras que regem outros interesses a gente não vai apoiar. Não vamos fazer movimentos xiitas como normalmente a oposição faz, o que traz até uma instabilidade de investidores para o Brasil. Toda hora falam de impeachment”.
“Esse movimento de qualquer coisa já começam a falar de impeachment. Eu, como vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, recebo investidores que sempre repetem a mesma fala de que o Brasil sempre demonstra muita instabilidade jurídica e instabilidade política. Tenho dito para as pessoas que, se vocês querem o impeachment do presidente que está saindo, a nossa democracia nos dá a oportunidade de quatro em quatro anos impichar quem a gente quiser.
Então, evitem de falar isso para que isso não se espalhe pelo mundo à fora e os investidores ficarem acanhados de investir aqui gerando emprego e renda (…) Não vai ser um governo para querer derrubar, porque eu estou pensando prioritariamente no Brasil e depois no meu Estado”, justificou. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.
Fonte: Jovem Pan