A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do INSS, criada para investigar desvios bilionários em benefícios previdenciários, enfrenta forte resistência política e acusações de blindagem a aliados do governo. Um dos episódios mais controversos ocorreu nesta semana, quando a base governista derrubou, por 19 votos a 11, o requerimento de convocação de José Ferreira da Silva, o Frei Chico irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para prestar depoimento à comissão.
Frei Chico é vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi), uma das entidades no centro das investigações. O sindicato foi alvo da segunda fase da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal, que apura fraudes em descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões. A operação resultou no bloqueio de R$ 389 milhões, valor equivalente ao que o Sindnapi recebeu entre 2021 e janeiro de 2025.
Durante a ação, foram apreendidos bens de alto valor, incluindo joias, relógios, dinheiro em espécie e veículos de luxo como Ferrari, Porsches e até um carro de Fórmula 1. Ao todo, 66 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em sete estados brasileiros.
Apesar da gravidade das denúncias, a convocação de Frei Chico foi barrada por um acordo informal entre os membros da CPI, que decidiu não chamar dirigentes de segundo escalão das entidades investigadas. A oposição, que tenta avançar nas investigações, acusa o governo de proteger figuras próximas ao presidente Lula e impedir o esclarecimento dos fatos.
Além disso, outros suspeitos têm recebido autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para permanecerem em silêncio durante os depoimentos à comissão, dificultando ainda mais o avanço das apurações. Estima-se que o rombo causado pelas fraudes possa ultrapassar R$ 6 bilhões, sem contar os casos de empréstimos consignados fraudulentos, que ainda não foram investigados a fundo.
A CPI do INSS, que nasceu com a promessa de devolver dignidade aos aposentados lesados, agora corre o risco de terminar sem responsabilizações concretas ou, como dizem os críticos, “acabar em pizza”.