Mãe teve responsabilidade na morte de menina encontrada dentro de lixeira em Guaíba, diz polícia
A Polícia Civil acredita que a mãe da menina Kerollyn Souza Ferreira, de nove anos, é responsável pela circunstância que levou à morte da filha, encontrada dentro de um contêiner de lixo em Guaíba, na Região Metropolitana de Porto Alegre. O caso ocorreu na sexta-feira (9). Carla Carolina Abreu Souza teve a prisão temporária decretada um dia depois.
A delegada responsável pelo caso instaurou o inquérito pelo crime de tortura. Já o Ministério Público enxergou indícios de homicídio ao dar parecer favorável ao pedido de prisão.
A RBS TV entrou em contato com a Defensoria Pública do RS, que representa Carla, mas não obteve retorno até a mais recente atualização desta reportagem.
Segundo o chefe da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, a mulher deve ser responsabilizada de alguma forma, “nem que seja pelo que a gente chama, lá no Artigo 13 do Código Penal, a causalidade da omissão”. O delegado Fernando Sodré afirma que a criança vivia “abandonada”.
“A filha vivia solta, abandonada, dormia inclusive num carro abandonado, muitas vezes, que ficava perto da casa e da escola”, afirma Sodré.
O mesmo relato de abandono foi ouvido pelo pai da menina, Matheus Ferreira. Segundo ele, vizinhos contaram que a criança dormia e se alimentava na rua.
“A guria dormia na rua, a guria comia comida do lixo, os vizinhos me falaram. Era uma situação que eu não estava sabendo, não estava por dentro do que estava acontecendo”, afirma o pai.
Kerollyn morava com a mãe e os irmãos em Guaíba. Já o pai vive em Santa Catarina. A filha chegou a morar com ele nos primeiros meses de vida e aos sete anos. Contudo, a criança voltou para a casa da mãe.
“Sempre deixei claro para ela [a mãe]: ‘cara, se tu não quer cuidar da guria, se tu não tem paciência, então dá a guria para mim, deixa que ela fica comigo, que eu cuido e não tem problema’. Só que ela [a mãe] nunca quis, ela nunca aceitou”, afirma Matheus.
Ao fazer o pedido de prisão temporária por 30 dias, a Polícia Civil sustentou que a mulher teria torturado Kerollyn, provocando a morte da filha. Durante o prazo estabelecido pela Justiça, a polícia pode aprofundar as investigações contra a suspeita, que não teve o nome divulgado. As autoridades apuram os crimes de tortura e homicídio qualificado.
“Eu mesmo nunca imaginei que chegaria a um ponto que acontecesse uma coisa dessas”, lamenta o pai.
O Ministério Público se manifestou a favor da prisão. O promotor Fernando Sgarbossa afirma que há o indício da participação da mãe, “seja por ação, seja por omissão”.
Fonte: G1