A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou, nesta sexta-feira (5), para tornar o deputado federal Loester Carlos Gomes de Souza (PL-MS) réu pelos crimes de comunicação falsa de crime, porte ilegal de arma de fogo e disparo de arma de fogo.
O deputado, conhecido como Tio Trutis ou Loester Trutis, é acusado de ter fingido um atentado contra si próprio.
“Concluo, assim, que os argumentos trazidos pela defesa não são suficientes para, nessa fase procedimental, desqualificar a base empírica reunida no curso da investigação, a qual dá suporte aos enunciados fáticos formulados na tese acusatória. Não significa dizer que, uma vez submetidos à testagem aprofundada, em ambiente contraditório e com paridade de armas, não possam ser infirmadas pelos argumentos defensivos baseados nas provas a serem produzidas”, afirmou a ministra.
Relatora do processo, a ministra Rosa Weber argumentou que é preciso “ressaltar que a admissibilidade da denúncia não implica, sob qualquer aspecto, antecipação de juízo de valor a respeito da responsabilidade criminal dos denunciados, em benefício dos quais vigora a presunção de inocência”.
“Contrariedades e inconsistências da versão inicial dos fatos, assim como a exploração pública do episódio utilizando perfil em rede social mantida pelo parlamentar para a interlocução com seu eleitorado e com a comunidade em geral (@loestertrutisdep), levaram à suspeita de que o atentado contra a sua vida pudesse ter sido simulado com o escopo de capitalizar politicamente os acontecimentos pela “vítima”, fomentando pautas de interesse de seu mandato parlamentar”, disse a ministra.
Segundo investigação da Polícia Federal, afirmaram que o deputado e seu assessor, Ciro Nogueira Fidelis, teriam mentido durante os depoimentos e que suas declarações não foram comprovadas.
“Não se verificou a existência de qualquer veículo automotor que pudesse estar realizando o acompanhamento do Deputado Federal e seu assessor, muito embora diversas imagens de câmeras de segurança, durante todo o percurso realizado, tenham sido analisadas”, afirmou a PF.
Além disso, segundo a investigação, “tanto o Deputado Federal quanto seu assessor, Ciro Fidelis, faltaram como a verdade durante os seus depoimentos. Deixaram de informar que saíram da rodovia BR 060 para duas estradas vicinais, onde inclusive chegaram a parar e desligar a ignição do veículo, tal como se pode verificar da análise dos dados do rastreador do veículo”.
Trutis alegou que teria sofrido uma tentativa de homicídio na BR-060, saída para Sidrolândia, no Mato Grosso do Sul.