Apenas duas semanas atrás, moradores de Kiev, a capital ucraniana, estavam cuidando de suas lojas, ensinando crianças em idade escolar ou estacionados em suas mesas de escritório.
A invasão russa mudou tudo isso. Lutando literalmente por suas vidas, civis, transformados em soldados voluntários, ajudaram a construir defesas com precisão militar.
As trincheiras aprofundam-se na floresta que cerca a estrada que leva Kiev ao sul do país. As posições de recuo fortificadas estão prontas para o que vier a seguir. Enormes barreiras de metal antitanque, conhecidas aqui como “ouriços” por causa de sua forma pontiaguda, são colocadas em intervalos regulares ao longo da via. E bloqueios improvisados feitos de sacos de areia e enormes blocos de concreto estão em todas as saídas.
O povo de Kiev está determinado a defender sua cidade. À medida que as forças russas se aproximam, a determinação de seus moradores chama a atenção. Alguns piscam um sinal de vitória quando os veículos passam. A bandeira nacional azul e amarela pode ser vista em todos os lugares.
Em um posto de controle a caminho de Kiev nesta terça-feira (8), defensores voluntários estavam entregando flores para mulheres em seus carros para marcar o Dia Internacional da Mulher.
Muitos voluntários não parecem estar agasalhados o suficiente para o clima frio. Eles vestem roupas civis, com grandes casacos e calças de moletom, um uniforme não oficial. Suas calças são principalmente verdes, pretas ou com motivos de camuflagem –não do tipo militar– mas o padrão civil feito para a caça.
Alguns, mas não todos os voluntários, estão armados com rifles automáticos e facas grandes.
Oleksiy Goncharenko, um voluntário que ocupa uma das posições de defesa em Kiev, disse à CNN que trabalha em turnos de quatro horas no posto de controle.
Seu rosto está vermelho de frio. “Está tudo bem. Apenas frio”, diz ele, acrescentando que “os moradores estão nos dando sopas e coisas assim”.
Quase 40 mil voluntários se juntaram às Forças de Defesa Territoriais nos primeiros dois dias após o início da invasão, de acordo com o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas ucranianas. Só em Kiev, 18 mil pessoas pegaram em armas quando as autoridades pediram voluntários e reservistas para fazê-lo.
Aqueles que não puderam juntar-se às forças (o número de pessoas que se inscreveram foi tão alto que as Forças de Defesa Territoriais tiveram que começar a recusar algumas) estão ajudando de outras maneiras.
Eles estão fazendo coquetéis molotov, costurando redes de camuflagem para barricadas, distribuindo comida, bebidas quentes e cigarros para os combatentes. Também estão arrecadando dinheiro para os militares, construindo mais bloqueios nas estradas e até pintando sinais de trânsito na tentativa de confundir as forças invasoras.