O principal funcionário de direitos humanos do México, Alejandro Encinas, disse em entrevista coletiva que o envolvimento do governo no desaparecimento – incluindo autoridades locais, estaduais e federais – constituiu um “crime de Estado”.
Na sequência, a administração “escondeu a verdade dos fatos, alterou cenas de crime, encobriu as ligações das autoridades com um grupo criminoso”.
Um dos estudantes era um informante militar, mas as autoridades não seguiram o protocolo para encontrar soldados desaparecidos, observou Encinas. Se tivessem feito isso, “o desaparecimento e assassinato dos estudantes teriam sido evitados”, disse ele.
Apesar de extensas buscas, os restos mortais de apenas três estudantes foram descobertos e identificados, informou Encinas.
As famílias dos estudantes há muito expressam esperança de que seus entes queridos tenham sobrevivido, pressionando o governo em protestos nos quais gritavam: “Queremos que eles voltem vivos”.
Encinas fez um raro reconhecimento oficial de que os alunos não sobreviveram. “Não há indicação de que os estudantes estejam vivos. Todos os testemunhos e evidências provam que eles foram assassinados e desapareceram”, disse ele. “É uma triste realidade.”
De acordo com a versão dos fatos anunciada pelo governo Pena Nieto em 2015, uma gangue de traficantes local confundiu os estudantes com membros de um grupo rival, os matou e incinerou seus corpos em um lixão.
Sob o comando de López Obrador, as autoridades emitiram dezenas de mandados de prisão, inclusive para militares e policiais, e solicitaram a Israel a extradição de um ex-funcionário acusado de manipular a investigação.