Porto Velho, capital de Rondônia, é palco de uma realidade crua e cada vez mais alarmante, exposta em uma matéria que mostra a vida de centenas de pessoas em situação de rua e em constante luta contra a dependência química. A equipe de jornalismo do site Hora1Rondonia percorreu ruas e avenidas da cidade, revelando um retrato fiel do abandono social e da insegurança que afeta moradores e comerciantes das regiões.
Durante os trabalhos de tirar fotos e vídeos, é possível observar que o fluxo de pessoas em vulnerabilidade social ocorre a qualquer hora do dia ou da noite. Muitos perambulam de um lado para o outro, puxando carrinhos ou sacolas em busca de papelão, alumínio ou qualquer material reciclável que possa render alguns trocados. No entanto, a renda obtida com o trabalho informal frequentemente termina nas chamadas “bocas de fumo”, onde o dinheiro é trocado por pedras de crack, alimentando o ciclo do vício e fortalecendo a atuação do tráfico de drogas.
Um dos pontos de maior concentração desses usuários está localizado na Avenida Raimundo Cantuária antiga Rua México no bairro Nova Porto Velho. Antigamente uma área comercial movimentada, a via se transformou em refúgio para o uso constante de entorpecentes, diante da omissão do poder público. Segundo relatos de moradores da região, o medo de assaltos e violência tornou-se rotina. “A gente tem que se recolher cedo em casa, não dá para ficar na rua à noite. Eles [usuários] estão sempre por aí, e quando não conseguem dinheiro, partem para o roubo ou furto”, diz uma moradora que preferiu não se identificar.
Outros pontos críticos incluem a região da rodoviária, o centro da cidade e importantes avenidas da capital. Nesses locais, é comum ver grupos de pessoas dormindo em calçadas, improvisando abrigos com pedaços de madeira e papelão. Muitos vivem dias inteiros sob o efeito de drogas, em estado de extrema fragilidade física e psicológica. Durante a escalada de trabalho do jornalismo, percebe-se a ausência de ações efetivas por parte da Prefeitura de Porto Velho e do Governo de Rondônia.
Até o momento, não há dados oficiais atualizados sobre a quantidade de pessoas vivendo em situação de rua na capital, nem programas robustos de acolhimento, tratamento ou reinserção social. A assistência social, quando presente, não consegue alcançar a complexidade do problema, deixando centenas, possivelmente milhares de cidadãos à própria sorte. Pois só são vistos, quando entram nas estatísticas das mortes violentas (acerto de contas).
Enquanto isso, o ciclo se repete: a rua, o vício, o crime e a negligência. O Hora1Rondonia não apenas denuncia, mas também provoca a reflexão sobre o tipo de sociedade que estamos construindo e até quando iremos normalizar o abandono daqueles que mais precisam.
Fonte: Hora1Rondonia