A Coreia do Norte disparou pelo menos dez mísseis a Leste e Oeste da península coreana nesta quarta-feira (2), incluindo um que caiu perto das águas territoriais sul-coreanas pela primeira vez desde a divisão de 1945, disseram autoridades sul-coreanas.
O Estado-Maior Conjunto de Seul (JCS, em inglês) disse que um míssil balístico de curto alcance pousou em águas internacionais 167 quilômetros a Noroeste da ilha de Ulleung, na Coreia do Sul, cerca de 26 quilômetros ao Sul da Linha do Limite Norte (NLL, em inglês) – a fronteira de fato. Fronteira marítima coreana que a Coreia do Norte não reconhece.
Uma autoridade de defesa sul-coreana disse que os mísseis caíram a Oeste da península no Mar Amarelo, conhecido como Mar do Oeste na Coreia, e a Leste no Mar do Japão, também conhecido como Mar do Leste.
Um alerta de ataque aéreo na ilha de Ulleung, localizada a cerca de 120 quilômetros a Leste da península, foi levantado por volta das 14h, hora local na quarta-feira. O presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol disse que o teste norte-coreano foi uma “invasão territorial efetiva”.
Em uma reunião de emergência do Conselho de Segurança Nacional (NSC, em inglês), Yoon “ordenou que uma resposta severa fosse tomada rapidamente para que a provocação da Coreia do Norte pagasse um preço claro”, segundo o gabinete presidencial da Coreia do Sul.
Em resposta imediata, a Coreia do Sul lançou três mísseis ar-terra dos caças F-15K e KF-16 na manhã de quarta-feira, segundo a JCS.
A JCS disse que a Força Aérea da Coreia do Sul alvejou águas internacionais ao norte da NLL a uma distância igual àquela que o míssil norte-coreano havia pousado anteriormente ao Sul da linha.
“O ataque preciso de nossos militares mostrou nossa vontade de responder firmemente a quaisquer provocações norte-coreanas, incluindo mísseis balísticos de curto alcance, e nossa capacidade e prontidão para atingir precisamente o inimigo”, disse a JCS.
A Coreia do Norte é “totalmente responsável” pela situação, pois são eles que continuam a provocar, apesar dos avisos, acrescentou.
Tensões crescentes
O lançamento de quarta-feira é o 29º da Coreia do Norte este ano, de acordo com uma contagem da CNN.
A aceleração agressiva nos testes de armas provocou alarme na região, com os Estados Unidos, a Coreia do Sul e o Japão respondendo com lançamentos de mísseis e exercícios militares conjuntos.
Na segunda-feira, os Estados Unidos e a Coreia do Sul iniciaram exercícios militares de larga escala previamente programados, chamados de “Tempestade Vigilante”.
As manobras envolvem 240 aeronaves e “milhares de militares” dos dois países, segundo o Departamento de Defesa dos EUA.
O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, deve se reunir com seu colega sul-coreano Lee Jong-sup no Pentágono na quinta-feira (3).
Especialistas disseram anteriormente à CNN que o líder norte-coreano Kim Jong Un poderia estar enviando uma mensagem ao mostrar deliberadamente o arsenal do país durante um período de conflito global intensificado.
No mês passado, a mídia estatal norte-coreana quebrou seis meses de silêncio sobre a onda de testes de mísseis deste ano, alegando que eles deveriam demonstrar a prontidão de Pyongyang para disparar ogivas nucleares táticas contra alvos em potencial no Sul.
Os testes mais recentes também ocorrem depois que o chefe do órgão de vigilância nuclear das Nações Unidas (ONU) alertou na semana passada que Pyongyang poderia estar se preparando para um teste nuclear – o primeiro desde 2017 – com imagens de satélite mostrando atividade em seu local subterrâneo de testes nucleares.
“Estamos acompanhando isso muito, muito de perto. Esperamos que isso não aconteça, mas infelizmente as indicações vão em outra direção”, disse o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Grossi, na última quinta-feira (27).
A resposta do Japão
Falando na quarta-feira, o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, disse a repórteres que a Coreia do Norte está lançando mísseis em uma “frequência sem precedentes”.
Kishida também pediu que uma reunião do Conselho de Segurança Nacional seja realizada o mais rápido possível devido às crescentes tensões na Península Coreana.
Na quarta-feira, o ministro da Defesa japonês, Yaukazu Hamada, disse que a Coreia do Norte disparou pelo menos dois mísseis e estima-se que ambos tenham caído fora da Zona Econômica Exclusiva do Japão (ZEE).
Nenhum dano a aeronaves ou embarcações foi relatado neste momento, e é possível que os mísseis balísticos tenham voado em uma trajetória irregular, acrescentou.