Preocupados com saúde mental de adolescentes e disseminação de discursos de ódio, parlamentares dos Estados Unidos e do Reino Unido estão debatendo leis para restringir o acesso de menores de idade às redes sociais. Foram dez ataques em escolas nos últimos nove meses no Brasil e o debate ganhou força por aqui.
Há duas semanas, o estado americano de Utah se tornou o primeiro Estado dos EUA a aprovar uma lei que proíbe as redes sociais de aceitar usuários menores de 18 anos sem autorização explicita dos pais ou responsáveis. A nova lei determina bloqueio de acesso dos jovens às redes das 22h30 às 6h30. No Reino Unido, o assunto tem sido discutido onde um novo projeto deve ser votado até o fim de abril. Se virar lei, as redes sociais terão de restringir o acesso de menores de 18 anos a conteúdos potencialmente danosos.
O Brasil ainda não tem uma legislação específica sobre o tema. Uma proposta de regulamentação deve ser entre em abril no Congresso Nacional. De acordo com o consultor em Marketing Digital e professor da Universidade Positivo Diniz Fiori, a discussão sobre regulação de redes sociais é muito importante, mas difícil no caso dos adolescentes.
“No mundo se discute formas de regulamentação por conta de vários fatores como fake news. Formação de nichos extremistas de vários segmentos e formas, essa regulamentação vai ter que acontecer. Se tratando de adolescentes é pior ainda. São pessoas que não tem um aspecto cognitivo formado e as vezes vai muito na onda. Isso cria uma expectativa no adolescente que a gente sabe que não existe”
Na visão do especialista, o Brasil ainda não está preparado para debater a regulação de redes sociais. Afinal, o país passa por polarização acentuada.
“A gente está em um processo de fanatismo, de torcida organizada mesmo. Um lado A ou B alguém se sente prejudicado com essa regulamentação. As redes sociais foram diretamente responsáveis por essa polarização”, diz
Diniz acredita que a discussão deve passar obrigatoriamente pela política. “Quem vai assumir a responsabilidade é o indivíduo,. Discursos de ódio são mais próximos de nós do que a gente pensa. Podemos ser impactados pela bolha e isso vai causar um grande mal”.
Manter um ambiente seguro e saudável
Para Fabiana Thiele Escudero, psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia da PUC PR, a regulação de redes sociais também busca o combate de práticas como coletas de dados pessoais. Além disso, ela destaca que as mídias usam técnicas para manter adolescentes engajados. “A regulamentação teria o objetivo é manter o ambiente mais seguro e saudável”.
A especialista ressalta que o uso excessivo de redes sociais – comum entre os adolescentes – também pode aumentar os problemas de saúde mental que, por sua vez, aumentam o risco de comportamentos violentos entre esses adolescentes.
“O excesso (de redes sociais) pode causar depressão, ansiedade e baixa auto-estima”
Fabiana cita também que o excesso do uso de redes sociais também pode estar relacionado ao comportamento agressivo entre adolescentes. “O que pode incluir crimes violentos e isso pode significar exposição e normalização de comportamentos agressivos”.
Melhor que proibir, a especialista acredita que é preciso ensinar adolescentes a usar redes sociais de forma mais saudável. Até o momento, todas as plataformas de mídia no Brasil contam com mecanismos próprios de segurança ao usuário.
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