O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quarta-feira (16), que irá propor à Organização das Nações Unidas (ONU) que a COP30, prevista para acontecer em 2025, seja realizada no Brasil, na Amazônia.
A declaração de Lula durante um evento paralelo à COP27, em Sharm el-Sheikh, no Egito, veio em resposta a um pedido feito pelo governador do Pará, Helder Barbalho (MDB) – que falou em nome do Consórcio Amazônia Legal, composto pelos governadores dos nove estados brasileiros amazônicos.
Após a leitura de uma carta na qual os governadores propuseram uma aliança com o governo de Lula em defesa da Amazônia, Barbalho disse que Lula “tem liderança e autoridade a propor à ONU que o Brasil seja sede da COP”.
“Gostaria de lhe fazer um pedido. Além do gesto extraordinário do Brasil protagonizar a Cúpula do Clima, queria pedir que o senhor possa oferecer a Amazônia para sediar a COP em 2025, a COP30, para que nós possamos levar o planeta para debater a Amazônia conhecendo a Amazônia”, afirmou o governador paraense.
“Não conhecendo pelas redes sociais, pela distância dos livros ou o acesso à informação pelas redes, mas conhecendo a Amazônia e seu povo com o pé no chão”, acrescentou.
Ao pegar o microfone, Lula concordou com a proposta e disse que os governadores “podem ficar certos” que ela será encaminhada ao secretário-geral da ONU, António Guterres, com quem o petista deve se reunir ainda nesta passagem pelo Egito.
“Na Amazônia, temos dois estados aptos a receber qualquer conferência internacional: o Amazonas e o Pará. Aí vocês vão discutir entre vocês quem tem mais a oferecer do ponto de vista de infraestrutura às milhares de pessoas que vão se dirigir ao estado”, disse o presidente eleito.
“Acho muito importante que seja na Amazônia. Muito importante que as pessoas que defendem o clima conheçam de perto o que é aquela região. Para que as pessoas possam discutir a Amazônia a partir de uma realidade concreta”, completou.
Governadores entregam carta para Lula
O evento de Lula com o Consórcio Amazônia Legal foi um painel nomeado de “Carta da Amazônia – uma agenda comum para a transição climática”.
Estiveram presentes os nove governadores de estados inseridos na Amazônia Legal: Waldez Góes (PDT), do Amapá; Gladson Cameli (Progressistas), do Acre; Mauro Mendes (União Brasil), do Mato Grosso; Helder Barbalho (MDB), do Pará; Wanderlei Barbosa (Republicanos), do Tocantins; e Marcos Rocha (União Brasil), de Rondônia.
Na abertura do painel, Helder Barbalho agradeceu a presença do presidente eleito em “sua primeira agenda pública internacional”, e leu uma carta (íntegra no final da matéria) em nome dos governadores pedindo compromisso do futuro governo Lula com a Amazônia.
No texto, os governadores “reafirmam seu compromisso e seu espírito de cooperação em favor de políticas orientadas à conservação e ao desenvolvimento sustentável da região”.
“Nesse novo quadro político resultante das eleições de outubro de 2022, expressamos a disposição em construir uma relação profícua e eficaz com o governo federal, baseada no respeito democrático, na observância da Constituição e do diálogo com os poderes constituídos nas esferas estadual e federal”, escreve a carta.
Entre os pedidos feitos pelo Consórcio está “um esforço conjunto que permita maior celeridade na tramitação dos apoios internacionais, em particular aqueles na área financeira”.
“Um Brasil desenvolvido passa, necessariamente, por uma Amazônia viva, pulsante e conservada, capaz de expressar suas potencialidades ao mundo. Ainda é possível, mas a Amazônia que queremos, precisa acontecer agora”, concluem os governadores.
Lula discursa na COP27 e encontra chefe de política climática da UE nesta quarta
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se reúne nesta quarta-feira (16) com o chefe de política climática da União Europeia, Frans Timmermans, em mais uma agenda bilateral na COP27, que ocorre em Sharm el-Sheik, no Egito.
Assim como ocorreu na terça (15), quando Lula encontrou o enviado especial para o clima dos Estados Unidos, John Kerry, e o Alto Representante Chinês para o Clima, Xie Zhen Huz, a reunião com o enviado da União Europeia será reservada.
Lula também fará seu pronunciamento no evento, na área da Organização das Nações Unidas (ONU). O pronunciamento do presidente eleito está marcado para às 12h15 horário de Brasília (17h15 em Sharm el-Sheik).
A expectativa, segundo apuração do analista sênior de internacional da CNN Américo Martins, é que Lula reafirme o compromisso do seu governo para conter o desmatamento e proteger a floresta. A intenção é dar um sinal positivo e indicar que pretende realizar grandes mudanças na agenda do clima brasileira.