Os governos russos e ucranianos trocaram soldados feitos reféns durante os combates na Ucrânia, iniciados em 24 de fevereiro.
Nesta quinta-feira (24/3), segundo agências internacionais de notícias, a vice-premiê ucraniana, Iryna Vereshchuk, disse que Kiev entregou 10 soldados russos que haviam sido capturados e, em troca, recebeu de volta 10 de seus próprios militares.
O militares russos foram capturados pelas Forças Armadas da Ucrânia após o afundamento de um navio de guerra perto de Odessa.
Mais mísseis
Após a reunião de cúpula da Organização do Tratado Atlântico Norte (Otan), em Bruxelas, na Bélgica, nesta quinta-feira, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou que o Reino Unido doará 6 mil mísseis para o governo ucraniano.
Nesta quinta, a guerra completa um mês e os líderes da Otan estão reunidos em Bruxelas. Ocorre que foi justamente o desejo ucraniano de entrar na organização que deu início à invasão russa, em 24 de fevereiro.
“Estamos reforçando nosso apoio aos países da Otan na linha de frente enviando um novo grupo de tropas do Reino Unido para a Bulgária, além de dobrar nossas tropas na Polônia e na Estônia. A Ucrânia não está sozinha”, falou.
Ataques
Os bombardeios na Ucrânia completam um mês nesta quinta e não dão sinais de que vão parar. Russos continuam os ataques em centros urbanos. Por outro lado, ucranianos dizem ter afundado um navio militar da tropa inimiga.
Autoridades de Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, disseram que ao menos seis civis morreram e 15 ficaram feridos após um bombardeio russo.
A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito.
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho e evitar avanços de possíveis adversários nesse local.
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km.
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país caso os ucranianos não desistissem da ideia.
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território.
Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território.
Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para de estabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado
O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários
Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo Vinícius Schmidt/Metrópoles
Em contrapartida, a Ucrânia fez um ataque inédito com mísseis contra um porto que havia sido ocupado pela Rússia nesta quinta.
Segundo agências internacionais de notícias, ao menos um navio de desembarque de tropas, blindados e munição, o Orsk, foi destruído no ataque e afundou nos cinco metros do porto de Berdyansk, segundo a Marinha ucraniana.
Resolução da ONU
Nesta quinta, os embaixadores responsabilizaram o país comandado por Vladimir Putin pela “crise humanitária” provocada pela guerra.
Foram 140 votos a favor, 5 contra e 38 abstenções. O Brasil votou a favor da resolução. O texto prevê o envio de ajuda humanitária, mas há detalhes.
Na direção contrária, a Assembleia Geral se negou a votar uma resolução que “eximia” a Rússia pelo início do conflito da Ucrânia. Na prática, o documento funcionaria como um “perdão” pela guerra.
O texto foi proposto pela África do Sul, mas não chegou a ser votado, após ser rechaçado por 67 países na Assembleia, seguindo pedido da Ucrânia. A Rússia apresentou um texto semelhante. A Assembleia Geral da ONU tem 193 integrantes.
FONTE: METRÓPOLES