Recentemente, o FOLHA DO SUL ON LINE publicou três tragédias envolvendo moradoras de Rondônia que tentavam chegar aos Estados Unidos, onde pretendiam concretizar o “sonho americano” de prosperidade e bem estar.
Em um dos casos, a aventura acabou em morte e no outro, a protagonista foi sequestrada, abusada e deixada ferida para morrer na fronteira entre os EUA e o México, por onde milhares de brasileiros se arriscam na dramática travessia. Na terceira reportagem, uma ex-moradora de Vilhena conta como testemunhou a morte a tiros de um dentista de Cuiabá..
Seis meses atrás, ignorando todos os perigos, o mecânico eletricista Erivelton Eliziario de Oliveira saiu de Vilhena determinado a chegar à “América”. Aos 28 anos, ele foi acompanhado da esposa e da filha de 04 anos, preparado para cruzar a fronteira mexicana
Em entrevista ao FOLHA DO SUL ON LINE, o vilhenense que hoje mora e trabalha na cidade de Columbus, capital do Estado de Ohio explicou ao site o motivo de ter se arriscado: “as condições financeiras no Brasil estavam muito difíceis. Aqui posso ter uma vida bem estabilizada e ainda investir no brasil”.
Elizario preferiu a entrada ilegal, usando o sistema “cai-cai”, que ele mesmo explica: “você vem com um filho seu menor de idade. E se entrega para as autoridades da fronteira. Por você estar com filho de menor, não é deportado imediatamente. Você aguarda um processo dentro do país. E pode contratar advogado para te defender na justiça”
A reportagem pergunta o que dizem os outros brasileiros que estão lá. “A história por aqui é basicamente a mesma: a crise do Brasil. Muitos vêm somente para conseguir ter uma estabilidade financeira boa no Brasil. Geralmente a maioria investe em terras, gado ou em imóveis. Já outros não querem nem saber mas de voltar para o Brasil. Esses investem aqui mesmo, têm uma vida de alto padrão aqui, mas precisam trabalhar muito”.
Trabalhando com limpeza de casas, o entrevistado conta que uma diária varia de 120 a 150 dólares, mas quem consegue serviço na área de carpintaria pode faturar até quatro vezes mais. “Pretendo voltar para o Brasil, mas só daqui a alguns anos”, diz, acrescentando que ele mesmo e os compatriotas sentem faltam “do calor brasileiro, dos familiares e dos amigos”
Erivelton revela que existem muitos vilhenenses em sua “city” e mais ainda no restante do país. O próprio site constatou, com seus leitores, que a emigração em Vilhena tem sido intensa nos últimos dias. Vários moradores da maior cidade do Cone Sul de Rondônia chegaram aos EUA recentemente, levando mulheres e filhos
O site pediu que o mecânico desse um conselho a quem quer seguir seu caminho, e eis o que ele disse: “apesar de aqui ser muito bom, a pessoa tem que vir preparada. Porque aqui é bem diferente do Brasil, as leis são cumpridas. Você vai ter muita dificuldade se não falar inglês. A cultura também é muito diferente. Nem a comida tem o mesmo gosto do Brasil. Vir ilegal pelo México é extremamente perigoso. Não aconselho ninguém a vir assim”.
Para finalizar, Elizario diz como está sua situação no país: “vou ter minha primeira audiência na justiça em fevereiro, mas levamos uma vida normal aqui até o processo terminar”.
Fonte: Folha do Sul